Trabalhando no governo do Québec

Há algum tempo eu havia falado sobre a experiência de prestar concurso público aqui. Eu estava esperando o bom momento para contar o que aconteceu desde então e agora a hora chegou. Pois, como o título da postagem já diz, eu passei e agora trabalho na CARRA.

***

Então, tudo começou quando, em novembro de 2010, mesmo com alguma dificuldade, eu consegui me inscrever no concurso para agente de rentes. Pouco tempo depois recebi uma cartinha informando que estava apta a fazer a prova, o que aconteceu no dia 29 de janeiro de 2011.

Cerca de um mês e meio depois de fazer a prova eu estava trabalhando quando meu celular tocou e era uma pessoa do governo pedindo para eu enviar meu CV, pois como eu havia passado na prova eles iriam avaliar se me chamariam para a entrevista para uma vaga aberta na Régie des rentes.

Nem preciso dizer a alegria que foi saber tão inesperadamente que eu havia passado no concurso. Mas, passar para a prova e ser chamada para apresentar o cv não é o final do processo de seleção. Resta ainda ser selecionada e passar a entrevista, momento realmente decisivo para sua entrada no serviço público.

Então... Me pediram para enviar meu currículo para um contrato de alguns anos. Mandei o currículo no prazo estabelecido, mas, infelizmente não cheguei a ser chamada para a entrevista.

Poucas semanas depois recebi a comunicação oficial de que eu havia passado na prova do concurso e para minha surpresa com uma nota que eu achei bem boa para uma primeira experiência.

Eu já havia dado o concurso por perdido - e me inscrito em outros - quando no começo de junho de 2011 o telefone tocou novamente. Dessa vez era a CARRA que me ligava oferecendo uma vaga. Queriam meu currículo para ontem, pois a entrevista seria feita nos dias seguintes e deveria começar o trabalho em menos de 10 dias. Novamente mandei meu currículo e dessa vez fiz a entrevista. Por telefone mesmo.

A entrevista foi muito rápida e tinha todas aquelas perguntas básicas que os cursos como a SOIIT nos prepara. Eu a fiz caminhando no meio da rua no meu horário de almoço do trabalho e deve ter durado 15 minutos, no máximo.

No dia seguinte, a surpresa: eu havia sido aprovada. Era uma quinta-feira e deveria começar o treinamento na segunda-feira seguinte.

Bem, muita gente vai me achar completamente doida agora mas eu não pude aceitar o trabalho. Eu havia uma série de coisas para resolver no Brasil e estava com uma passagem comprada para julho e se houvesse aceitado o trabalho teria que esperar um ano para poder ir. Foi com muito pesar que recursei, mas na ocasião fui informada que provavelmente precisariam de mais pessoas no outono e que eu poderia ser novamente chamada.

Em setembro recebi nova comunicação para enviar o cv para essa mesma vaga. Mas, dessa vez o pedido veio por e-mail e justamente em uma semana que eu não o acessei 10 vezes por dia, como de costume, e o email acabou perdido no meio de um monte de propaganda. Só vi dias depois quando o prazo já havia passado. Mais uma vez não era o momento certo.

Então estava eu procurando emprego (sim, eu estava sem trabalho, mas isso é algo que contarei em outro post) quando, em uma segunda-feira, no meio de novembro, recebo um novo e-mail da CARRA propondo a mesmissima vaga. Pela terceira vez. Dessa vez não perdi o email e no mesmo dia mandei o curriculo. No dia seguinte bem cedo recebo a resposta de que seria avaliada em entrevista a qual foi marcada para o proximo dia.

E assim, às 9 horas da manhã, fiz minha entrevista. No geral eu gostei muito como a entrevista tinha se desenrolado, mas mesmo assim ainda estava com muito medo de não ser chamada. Passei o resto do dia muito tensa, mas tentei seguir com a minha vida enquanto não obtinha o resultado, pois esse poderia demorar até a semana seguinte, como me foi dito.

No dia seguinte, quinta-feira, estou voltando de uma outra entrevista quando o telefone toca. Era a resposta. Como eu estava em trânsito tive que desligar antes de saber o resultado para ligar assim que pudesse estar em um local calmo. Foram os 10 minutos mais lentos de minha vida. E então eu liguei para a pessoa que me entrevistou e recebi a notícia: eu havia sido aceita.

E assim, 1 ano depois de minha inscrição no concurso, 10 meses depois da prova e 5 meses depois de haver recusado a vaga finalmente deu certo. Finalmente sou funcionária pública no Québec.

***

Por mais que a gente que está vivenciando o Canadá fique com o pé atrás de expor tantos aspectos de nossas vidas na internet acho que eu devo passar essa experiência para aqueles que estão por vir ou já estão no Québec, sobretudo aqueles que têm formação em direito como eu, para mostrar que o concurso público é uma excelente - e viável -  opção de carreira.


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Primeiro exame médico em Québec

Como eu havia contado no post anterior o médico me pediu uma série de radiografias de minha coluna vertebral e me disse para ir à Clinique St-Louis. Isso aconteceu na terça-feira. Na quarta foi a primeira neve do ano e eu fiquei com muita preguiça de esperar o ônibus 25 (que passa a cada 30mn) e resolvi ficar em casa fazendo brownies.

***

Hoje, quinta-feira, acordei decidida a ir fazer o raio-x por volta das 11h muito embora a preguiça continuasse firme e forte. Às 10h30 meu telefone toca. Acreditem se quiser mas era o médico que me atendeu perguntando se eu não havia ido fazer o exame porque ele não tinha meu resultado. Eu caí da cadeira. Nunca, seja pela rede pública ou privada, eu recebi o telefonema de um médico porque eu não fiz o exame pedido apenas 24 horas depois.

Claro que morri de vergonha de não ter ainda providenciado o exame e corri para a clínica. Cheguei lá às 11h30 em ponto. Me dirigi à recepcionista a quem dei minha carteirinha da assurance maladie e a requisição. Às 11h33 eu estava na sala de espera. E... exatos DOIS MINUTOS depois me chamaram para fazer o exame.

Me surpreendi pela quantidade de radiografias demandada. Umas oito, pelo menos. Após realizá-las me pediram para esperar um pouco para ver se estavam boas. Como me movi tive que refazer duas delas e fui liberada. Exatamente às 11h50 eu estava saindo da clinica.

E foi assim a minha primeira experiência médica no Canadá. Uma consulta rápida e completa, um telefonema do próprio médico fazendo o acompanhamento e a realização de um exame de raio-x imediatamente.

Sei que muitos tiveram problemas com o sistema de saúde canadense. Sei que essa foi apenas a minha primeira experiência. Sei também que não foi nada grave. Mas, eu não tenho nada, absolutamente nada, do que reclamar. Estou encantada.

Update: 4 horas e meia depois de fazer a radiografia o telefone toca. Era o médico dizendo que recebeu os resultados. Explicou detalhadamente que meus ossos estavam todos no lugar e concluiu que meu problema é muscular (o que eu achava mesmo) e, portanto, o remédio prescrito deve resolver o problema. Continuo maravilhada com o atendimento que recebi.

***

Apesar de minha experiência positiva sei que o sistema de saúde daqui tem problemas. Já li vários relatos negativos, já vi matérias negativas na tv ou no jornal. Então aconselho a quem está lendo esse blog para obter informações sobre a qualidade do sistema de saúde daqui que continue pesquisando. Leia vários relatos, matérias e estudos. E forme sua opinião.

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Primeira visita ao médico


Há cerca de um mês estou com uma dor nas costas horrível. Começou na região do ombro e ao longo do tempo "subiu" e agora dói o pescoço, sobretudo a parte superior dele.

Eu odeio médico. Para mim ir ao médico significa muita dor e incapacidade de acabar com ela eu mesma. A última vez que eu tinha ido ao médico foi no Brasil no começo de 2010 porque depois de lutar sozinha 10 dias contra uma gripe/virose/amigdalite braba a danada acabou com meu ouvido. Quando resolvi ir ao médico estava a um passo de ter que perfurar o tímpano tamanho era o estrago. Enfim, por isso quando a dor começou eu estava certa que resolveria com relaxante muscular, anti inflamatório contrabandeado do Brasil, compressa e banho quente. Bem, quatro semana depois não tinha melhorado. De tudo a única coisa que fez cosquinha foi o anti-inflamatório, mas ele acabou.

Dai me restaram três alternativas: conviver com a dor, ir ao chiro ou ir ao médico. Eu estava cansada de conviver com a dor e meu plano de saúde que paga parte do chiro só vai valer a partir do mês que vem então me sobrou o médico.

O médico... Um senhor que eu já não gostava de visitar. E cuja ojeriza só foi agravada pelos relatos de esperas intermináveis que resultavam em receitas de tylenol e exames marcados para o ano de 2064.

Mas, enfim, tava doendo, né?

Ontem aproveitei que não estou trabalhando essa semana e que eu tinha um almoço com amigos no prédio do Delta no boul. Laurier onde tem uma clínica de médicina familiar. Respirei fundo e fui.

Cheguei lá por volta das 17h. Tinha umas 4 ou 5 pessoas na sala de espera. Me sentei pensando que médicos aqui deveriam ser mutantes. No Brasil uma sala de espera de 5 pessoas resultaria de uma espera máxima de 25 minutos porque ultimamente não via médico ficar mais de 5mn com o paciente. Mas, os relatos aqui eram de esperas intermináveis. Então os médicos daqui deveriam ficar uma hora com cada paciente e eu esperaria 5 horas.

Tudo bem, eu trouxe um livro!

Menos de 10mn depois me chamam. Como assim? Já? Cadê a espera que me prometeram? Ah, é a enfermeira fazendo triagem. Tá explicado. Como estou com dor no pescoço e sem febre (logo não é meningite) vão passar todas as crianças espirrando que chegarem na minha frente. É por isso que vai demorar 3644673 horas até que eu seja atendida pelo médico.

Bem, fui lá relatar minhas dores à super atenciosa enfermeira. Ela me fez um milhão de perguntas, anotou tudinho e verificou minha pressão. O que eu achei mais legal foi que ela me assegurou que eu tinha feito a coisa certa em procurar o médico. Porque na minha cabeça anti-médico dor no pescoço pode doer mas não é doença. Entende? Eu acho que estava esperando alguém mandar eu ir para casa continuar tomando tylenol e não ficar ocupando lugar na fila do povo realmente doente.

De volta à sala de espera depois de uns 15mn com a enfermeira. Se fosse no Brasil depois de eu ter dito isso tudo à enfermeira tenho certeza que eu iria entrar no consultório 1 minuto, o tempo do médico me entregar a receita que ele já teria feito com base nessas informações. (pausa para explicar: eu tinha médicos ótimos no Brasil que podiam fazer consultas completas. Mas, quando eu ia em médico desconhecido, sobretudo os mais novos, a consulta era relâmpago. Exemplo: em 2010 quando fui por conta do meu ouvido eu verifiquei no relógio. A consulta demorou exatos 6 minutos). Estava ansiosa para saber como as coisas iam se desenrolar por aqui.

E não é que menos de 10mn depois de eu ter saído da triagem me chamam de novo. Como assim? Cadê minha espera de 384655784 horas? Quando vou conseguir ler meu livro que peguei na biblioteca e carreguei até lá? Acho que vou processar o governo do Québec por propaganda enganosa.

Enfim, guardei o livro não lido e me resignei. Vamos ver o tal médico.

E o médico era um senhor de seus 50 anos, franzino, com a maior cara de médico do mundo. Sabem aqueles médicos de cidade de interior em filmes de hollywood? Era ele! Igualzinho.

Muito simpático ele confirmava o que eu já havia dito à enfermeira. Fez testes de reflexos. Apertou minha coluna toda para saber onde doía. Disse o que ele acreditava ser o problema e.... prescreveu um raio-x e anti-inflamatórios. Isso tudo durou uns bons 20 minutos.

Acho que achei meu médico ideal: não tive espera, tem cara de médico de verdade, é simpático e ainda receitou algo diferente de tylenol e advil. 

- Dr. o sr. tem vaga para ser meu médico de família? 

Claro que não né gente. Pelo menos com relação a isso a lenda estava correta.


****

O raio-x devo fazer na clinique St-Louis e segundo o médico como é sans rendez-vous é só chegar lá e fazer. Se a preguiça permitir eu vou hoje mesmo e coloco um update dizendo se consegui fazer logo ou se vão apenas marcar para 2058.

Tempo total entre chegada na clínica e saída: 1 hora.

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Visita ao Parlamento de Québec

Aqui na cidade de Québec fica o parlamento ou a Assemblée Nationale. O prédio, construído entre 1877 e 1886 e situado na parte alta da cidade, entre a René-Lévesque e a Grande-Allée é um dos marcos da cidade.


Hoje finalmente pude fazer a visita guiada ao Parlamento. E adorei. É algo que realmente vale a pena, pois além de poder apreciar a arquitetura do prédio o guia nos dá inúmeras informações sobre o funcionamento do sistema politico québecois e canadense. Após os 30 minutos de passei sai de lá entendendo bem mais como tudo funciona por aqui. E o melhor: a visita é gratuita.

Além da visita guiada é possível assistir a  sessoes do parlamento ou de uma das comissões parlamentares. Infelizmente nas segundas e sextas não hà sessão pois os parlamentares estão em suas respectivas regiões. Mas espero conseguir ir até lá assistir a uma sessão assim que possível.

Também é possível comprar um souvenir na loja do parlamento, fazer um lanche na cafeteria ou mesmo almoçar no lindo restaurante do parlamento - o que eu, sem dúvida, pretendo fazer um dia.

Ao lado do prédio principal do parlamento fica a biblioteca do parlamento que também pode ser visitada - e utilizada - por todos. Visitando-a e vendo tantos livros de direito, tantas compilações de leis, não teve como não me lembrar da época de minha especialização em Coimbra onde passei meses debruçada em textos jurídicos assim como muitos faziam nessa manha de segunda-feira na Bibliothèque de l'Assemblée Nationale.


***

As visitas guiadas podem ser feitas em francês, inglês, espanhol e italiano. Os horários de funcionamento estão  no site da Assemblée Nationale du Québec.

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Supermercados: IGA

Chegar em um novo país é reaprender tudo. E, no meio disso é saber qual o melhor supermercado para você. Pensando nisso resolvi escrever minhas impressões sobre as principais cadeias de supermercado daqui. E, como ontem eu fui ao IGA vou começar por ele.

O IGA não é o supermercado onde eu vou mais frequentemente pelo fato de que não tenho carro aqui e outras redes são mais perto de minha casa. Mas, é uma rede bastante presente em Québec. Relativamente de casa tem 3 supermercados dessa rede, um no chemin St-Louis, outro no chemin Ste-Foy e outro no chemin Quatre-bourgeois. Esse último é um IGA Coop e maior dos três.

(o google maps não indicou o IGA que fica no Ch. St-Louis, mas ele fica bem no começo da rua, perto do bois de coulonge)


Não tenho um PHD em supermercados mas pelo que pude observar o IGA não é uma rede popular. Claro que toda semana tem suas promoções, mas não é aquele supermercado onde a média de preços é mais baixa. Para mim o IGA é aquele local onde vou para comprar coisinhas gostosas. Eles tem uma enorme variedade delas, pois além de muitos de produtos locais, tem uma padaria bem variada, e muitos, muitos produtos importados. Acho que lá eu encontraria qualquer produto esquisito pedido naquele livro de receita maravilhoso que eu tenho mas nunca fiz nenhuma receita porque com certeza não teria achado metade dos ingredientes em João Pessoa. Ah, já ia esquecendo, além disso tudo eu acho que o IGA tem uma das carnes mais saborosas dos supermercados daqui.

No IGA é possível acumular pontos com o programa do Airmiles, então é uma boa idéia se inscrever nele antes de fazer suas compras. Além disso toda semana, se você gasta mais que um determinado valor (70 doláres eu acho) você ganha um produto (uma barra de chocolate, por exemplo).

Por fim um conselho: não vá até lá de barriga vazia, porque senão você vai sair com o carrinho cheio de besteiras deliciosas, o que pode ser um problema para o bolso e também para aquele regime que vai começar na próxima segunda-feira.

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Relações familiares no Québec

No Brasil os laços familiares são muito fortes. Eu sou do nordeste onde creio que eles são mais estreitos ainda. Para nós não é estranho o filho morar com os pais até concluir o curso universitário ou  mesmo depois até conseguir uma estabilidade financeira que permita ter um padrão de vida tão bom - ou melhor - quanto o de sua família. É normal que pais paguem a faculdade dos filhos, que a família se reuna aos domingos, que se moramos longe nos falemos regularmente. É nosso costume passar as festas juntos sempre que possível. E, quando a velhice chega para alguns de nossos familiares nada mais justo do que trazê-los para morar conosco.

Mas, no Québec, a dinâmica familiar não é a mesma.

De acordo com meus amigos do Québec o mais comum é que o jovem saia de casa antes  mesmo de começar a universidade. E ele vai então começar a trabalhar para pagar a mensalidade, o aluguel (invariavelmente dividido com outros estudantes), a comida, as baladas... Claro que tem pais que pagam por tudo isso mas, ao contrário do Brasil, é bem comum que os pais não o façam - mesmo tendo condições financeiras - e até mesmo que se queixem se o filho não se manifestar para sair de casa.

E eu acho que essa ruptura entre pais e filhos tão cedo é a origem de outra coisa que me chocou bastante aqui. Eu morei por alguns meses em um prédio de Québec que é conhecido por abrigar muitos aposentados de classe média daqui (professores, médicos, etc). Para você terem uma idéia sempre que eu dizia para alguém que morava lá para um quebecois a resposta era: "ah, meu pai mora lá também" ou "meu avô morou naquele prédio vários anos" (antes de morrer, lógico). Enfim, o prédio é estrategicamente planejado para a vida do idoso québecois. Tem supermercado, restaurante, farmácia, dentista, lavanderia, banco, café e loja. Tem clube social onde os vovôs jogam bingo toda quinta-feira. Tem um hospital bem de frente. Na verdade só faltou mesmo a funerária.

Enfim, esses vovôzinhos todos moram sozinhos. São idosos de 75, 80 e até 90 anos. Você imaginaria sua avó de 90 anos morando sozinha? Eu não. Mas, aqui é super comum. O que não é comum são os filhos ou netos os visitarem - mesmo morando na mesma cidade.

A gente acaba sabendo dessas coisas porque os velhinhos adoram conversar. Não tinha um dia em que um deles não me contassem a metade de suas vidas. Assim soube que a vizinha de seus 80 anos ia todos os dias no começo da manhã ao 6º andar visitar o namorado - de seus 85 anos. Que outra morava em um apartamento em um andar mais baixo porque tinha varanda e como ela era do interior não conseguiria morar onde não tivesse. Que uma senhorinha do 17º andar apesar de aparentar seus 75 anos tinha na verdade 95 e enquanto eu estava sonhando com minha cama quentinha e um chocolate quente ela estava descendo para jantar e jogar bingo com os amigos do prédio. E assim escutei muitas histórias em 4 meses no Samuel Holland.

E, se para mim é chocante ver esses idosos sozinhos, eu me dou conta que eles não são infelizes assim. Eles têm uma vida social intensa. Na verdade, deve ser como morar em uma colônia de férias. Piscina no fim da manhã, quebra-cabeças depois do almoço, jantar no restaurante às 17h30 - como todo bom québecois, conversa jogada fora na sala da lareira...

Enfim, para mim continua a ser chocante um pai que tem dinheiro se recusar a pagar a faculdade do filho ou um velhinho de  90 anos morar sozinho por mais feliz que ele pareça ser. São diferenças culturais gritantes. E é por gostar de observar isso tudo, de vivenciar tudo isso, que deixei minha paraíba natal e vim parar aqui no pólo norte.


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Patinoire da Place d'Youville



O inverno no Québec dura muito, muito tempo. Então, como não dá para escapar o melhor a fazer é aproveitar todas essas atividades na neve que para a maior parte de nós parecem um bicho de sete cabeças.

O esporte de inverno que mais gosto de fazer é a patinação no gelo. Não que eu seja boa, longe disso, mas a patinação é algo prático: não preciso sair da cidade, tem um custo baixo e, se eu cair, pelo menos a queda é pequena.

Em Québec a cidade disponibliza várias patinoires (áreas de patinação) ao ar livre ou no interior. Mas, a que eu mais gosto é a da Place de Youville. Me sinto no meio de uma comédia romantica americana quando estou patinando ao lado da muralha da cidade com aquela musiquinha de fundo tocando o tempo todo.




Eu acho essa época do final do outono a melhor época para ir patinar. Não está tão frio e ainda não estamos de saco cheio do inverno. Patinar numa linda tarde de sol do outono, com uma temperatura de cerca de 5ºc é uma sensação maravilhosa.
Ah, e se você nunca patinou, não se assuste. Não é tão complicado assim. Pelo menos se você - como eu - só quer conseguir se manter de pé e deslizar, sem fazer piruetas ou apostar corrida.

 Patinar é algo que se aprende cedo....


...Muito cedo
***

A patinoire da Place d'Youville fica aberta do 15 de outubro até o dia 18 de março das 10h/12h (depende do dia da semana) até às 22h. Patinar é de graça, mas se você é como eu e ainda não se decidiu a desembolsar algumas dezenas de dolares por um patins (o que eu queria era uns 120 dolares!) é possível alugá-los no local por apenas 7,50 CAD.

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Parques de Québec: Bois de Coulonge





Eu adoro parques. Sobretudo no verão, é claro, mas não deixo de passear neles nem no meio do inverno canadense. Perto de minha casa eu tenho quatro opções, mas onde mais vou é o Bois-de-Coulonge, apesar de seu nome um pouco engraçado para quem fala português (lêe-se cúlonge).




O parque fica na Grande-Allée, na altura da Ave. Holland. Para o brasileiro que mora aqui basta dizer que é do lado do prédio da RAMQ, onde todo mundo já foi para fazer uma assurance maladie.




O Parque do Bois de Coulonge é enorme e composto de várias partes. Tem, logo na entrada um bosque maravilhoso, cheio de esquilos (pretos, cinzas, castanhos e aqueles iguais ao tico e teco) e passarinhos que vêm comer castanha na sua mão - sim, apesar de ser proibido alimentar os animais eu já tive essa experiência. 

Esquilinho castanho aproveitando as nozes do outono

Passarinho que pousa na mão

Esquilinho preto rolando na neve


Mais na frente, logo após o prédio que acredito ser da administração (onde tem o banheiro), tem um imenso gramado onde no verão tem gente jogando bola, frisbee, fazendo pique-nique ou apenas deitado, curtindo os dias de calor no pólo norte.


Pise na grama! Aqui ela é feita para isso.

Gramado no inverno. Hora de fazer raquette!


E ainda tem cantinhos onde o número de árvores e arbustos frutíferos são maiores. Já vi maçã, cereja, framboesa, blueberry e outras frutinhas que, confesso, não tenho a menor ideia do que sejam, nem se são comestíveis.

Plaquinha com a espécie de cada planta


Cereja

No meio disso tudo tem diversas trilhas para caminhar ou correr e, ainda, um parque com brinquedos para as crianças menores.

Parquinho

Lindo

Trilha

Estando a apenas 10mn de caminhada de minha casa esse é, com certeza, meu local preferido para caminhar, seja verão ou inverno.


Cães são bem vindos!

E eles fornecem até os saquinhos!


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Dia a dia: ônibus

Hoje vou falar um pouco sobre o sistema de transporte público de Québec. Aqui não tem metrô, então quem não tem carro tem que se conformar com o bom e velho busão.

Existem 4 linhas de metrobus que são ônibus que utilizam uma via reservada e passam com uma frequencia maior. São eles: o 800 (liga Beauport à Ste-Foy), o 801 (liga Charlesbourg à Ste-Foy), o 802 (liga montcalm â Beauport) e o 803 (Passa por lebourgneuf e chega até Limoilou). Para saber o roteiro exato o melhor é dar uma olhadinha no site do RTC. Lá também é possível simular um percurso através do Trajeto.

Existem outras linhas, é claro, mas elas estão sujeitas ao trânsito e passam com menos frequencia, algumas podendo ter apenas algumas passagens por dia.

Quanto aos pontos existem três tipos: o abrigo com calefação, o abrigo normal e a plaquinha no poste. Como poucos são os abrigos com calefação na cidade o melhor é se programar direitinho para chegar na hora exata que o ônibus passa durante o inverno.

Ponto de ônibus apenas com a plaquinha indicando o ônibus que passa

Ponto de ônibus om abrigo sem aquecimento

Trajeto da linha afixada no ponto do ônibus


Pois é, é possível verificar o horário exato em que o ônibus vai passar acessando o site da RTC ou os folhetos que são distribuídos em alguns pontos da cidade (no próprio ônibus, nas farmácias, no supermercado, etc.). No entanto, recomendo muito chegar no ponto um pouco antes do horário marcado, pois acontece do busão passar com alguns minutos de antecedência.

No inverno em dias de tempestade de neve ou de verglas é uma loteria. Jã fiquei mais de 1 hora e 15mn esperando um ônibus que deveria passar no máximo a cada meia hora.

O preço da passagem simples, comprando com o motorista, é de 2,75 doláres, mas é possível comprar passes mensais em pontos de venda como o couche tard, alguns supermercados e algumas farmácias.

Dicas e curiosidades:

- Quando for comprar o ticket com o motorista do ônibus é necessário dar o valor exato da passagem. Eles não dão troco.

- Para abrir a porta é necessário tocar nela quando o ônibus para e a luz verde é iluminada. Senão vai pagar o mesmo mico que eu se pedir para o motorista abrir.

- Guarde o comprovante de pagamento do passe mensal. Ele servirá quando for fazer seu imposto de renda do ano seguinte.

- Se comprou um ticket individual e vai pegar mais de 2 ônibus, peça ao motorista o transfert para não precisar pagar uma nova passagem.

- No vieux-québec existe o Ecolobus que são movidos à eletricidade. Até ano passado o serviço era oferecido gratuitamente mas como os taxistas não estavam gostando nada de perder esse dinheirinho dos turistas agora é cobrado 1 dólar daqueles que não possuem o passe mensal.

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Québec rua a rua: Cartier

Um dos locais que mais gosto de passear em Québec é a rue Cartier que fica entre o chemin Ste-Foy e a Grande-Allée, no bairro de Montcalm. Essa é uma das principais ruas comerciais da região onde tem vários bairros e restaurantes e algumas lojinhas.

Meu percurso favorito é pegar o ônibus 800 ou 801 e descer na station Cartier (na boul. rené-lévesque). Dai doi uma passadinha na Zone, minha loja de decoração preferida em Québec, andar pela rua em direção à Grande-Allée - parando para um café, um lanche ou um sorvete - e terminar o passeio nas Plaines que fica logo depois da Grande Allée.


A relação completa das lojas da rua pode ser encontrada no site Espace Cartier mas vou falar aqui um pouco de minhas preferidas.

Zone: a zone é minha loja de decoração preferida na cidade. Tem móveis modernos e objetos de decoração lindos, fofos e diferentes. O bichinho consumista sempre aparece quando vou por lá, o que só ficou pior quando vi o preço pelo qual os mesmíssimos produtos são vendidos no Brasil.





Picardie: Mistura de café, padaria, patisserie e galeria de arte. Tudo lá é gostoso. Ótimo lugar para um lanche ou para comprar aquela baguete recheada com tomates secos ou os croissants para o café da manhã. Vou ficar devendo as fotos da comida - que é o que interessa - mas acredito que não vai demorar muito para eu passar por lá para um lanchinho.




Turf: Nesse pub a pedida é um dos deliciosos hamburgers. Deliciosos e enormes. Lugar para ir com amigos jogar conversa fora e dar muitas risadas.

Le coin du monde: uma enorme banca de revista onde se encontra muitos objetos fofos, presentes, etc. Posso passar horas lá olhando tudo. E olha que toda vez que vou na cartier eu obrigatoriamente entro nessa loja.





Enfim, isso é apenas uma ínfima parte do que é possível encontrar nessa rua. Lá também tem um supermercado Metro, uma farmácia Brunet, uma SAQ (local onde vende bebida alcoolica), um jardin mobile (venda de frutas, verduras e legumes). Tem também uma loja especializada em chocolate, outra em papéis de todos os tipos, um pet shop, uma loja de bujoux, vários restaurantes, outros pubs, etc Futuramente tentarei colocar minhas impressões sobre cada um desses lugares.

Espero que tenham gostado de conhecer um cantinho de Québec.

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Imigrando com cães - Parte III: Recife-RJ

Acho melhor em terminar de contar essa viagem com os cães senão eu acabarei esquecendo os detalhes...

Então, no último post eu falei do problema que a American Airlines em Recife me causou, tendo que mudar meu roteiro, desviando pelo RJ e por NY, aumentando assim a viagem em 12 horas.

Quando me deram essa solução já era aproximadamente 11h da manhã, horário que eu deveria estar decolando rumo a Miami. Tive que aguardar o vôo que eu deveria ter pego partir para que emitissem nossos novos tickets. Pegaríamos um voo da Tam até o RJ e de lá embarcaríamos pela AA para o JFK em Nova Iorque onde faríamos conexão para Montréal.

Considerando que existe vôo de NY direto para Québec - o que não havia partindo de Miami - perguntei se poderia trocar nosso bilhete para fazermos NY-Québec já que fizeram essa confusão toda por conta do 1ºc de Miami, mas o pedido foi negado.


Maja e Lancelote durante a viagem de João Pessoa para Recife

Enfim, fomos à TAM fazer o check-in para o Rio de Janeiro. A atendente de lá, um amor de pessoa, foi super gentil e ficou injuriada pelo que ocorreu. E confirmou o que eu já sabia: a tam não faz esse tipo de verificação de temperatura. Enfim, tive que pagar o embarque dos cães pela TAM no valor de quase R$ 500,00. Foi então que a atendente me chamou a atenção ao fato de que eu deveria confirmar com os funcionários da AA se seria eu que pagaria ou eles o fariam considerando que eu não havia escolhido fazer uma conexão por outra companhia aérea e que o que eu iria pagar na AA originalmente seria 150 dolares por cão. Ou seja, se me cobrassem novamente no Rio eu estaria pagando o dobro pelo embarque dos cães. Nesse momento tive informações desencontradas. Um funcionário da AA disse que eu teria que pagar de novo e outro disse que bastaria eu mostrar o recibo da TAM no RJ para comprovar o pagamento. Nesse momento eu estava psicologicamente exausta então resolvi acreditar no funcionário que disse que eu não pagaria e rezar.

Fato engraçado é que quando a funcionária da TAM havia feito todo o procedimento de embarque dos cães e me disse para levá-los ao check-in no momento do embarque (1 hora depois, mais ou menos), nos nos despedimos e só quando eu estava pegando o elevador para a praça da alimentação que me lembrei que ela tinha esquecido de me pedir o comprovante de pagamento (e eu de ir pagar). Daí voltei correndo para lá para efetuar o pagamento.

Enfim, fiquei muito satisfeita com o atendimento da TAM.

Feito o check-in, malas despachadas, fui finalmente comer algo. A viagem havia começado às 5h da manhã daquele dia e já era mais de 1h da tarde. A fome bateu. Comemos, alimentamos os cães e na hora marcada os entregamos à funcionária da TAM. Para mim foi um momento difícil pois não fazia ideia de como eles se comportariam durante o voo.


 Caixas de Merlim e Lancelote no aeroporto de Recife

***

Algo que não posso deixar de comentar é que diante do aumento de tempo de viagem em 12 horas eu fiquei com medo que a ração que eu estava levando fosse insuficiente para eles se alimentarem, o que foi outro motivo de preocupação. Felizmente, amigos são o bem mais precioso que temos e eu lembrei (ou melhor minha irmã lembrou) que minha amiga Tati mora perto do Galeão, no Rio de Janeiro. Então eu liguei para ela perguntando se ela poderia me levar um pouco de ração de seus animais no aeroporto para garantir que Merlim e Lancelote não ficassem com fome. E não só ela levou a ração como, assim como sua sobrinha, me ajudou enormemente durante a conexão mais maluca e apressada de minha vida.

Tati, nunca serei capaz de agradecer toda a ajuda que você nos deu naquele momento. Obrigado, do fundo do coração.

***

Chegamos no galeão por volta das 19h e nossa conexão sairia pouco depois (não lembro bem, mas antes das 22 horas). Felizmente não precisamos pegar as malas, mas tínhamos 2 cães para pegar. Descobrimos onde eles sairiam e fomos pedir para um funcionário que os buscasse rápido devido a nossa conexão. Uns quinze minutos depois ele chegou com Merlim e Lancelote.

Eles estavam um pouco assustados mas bem. Ufa! Meu maior medo era que eles ficassem extremamente estressados durante o voo, pois são cães idosos e, portanto, com pequenos problemas cardíacos.

Ao sairmos para o hall do aeroporto encontramos a Tati e a sobrinha dela que como eu disse foi de uma super ajuda. Primeiro elas nos guiaram pelo aeroporto do Rio fazendo com que chegássemos muito mais rápido ao local do check-in da AA. Quando chegamos lá o check-in já havia começado e éramos as últimas da fila. Nesse momento eu não estava muito preocupada com o tempo porque pensava, não sei porque, que sairíamos 1 hora depois do horário no qual o voo realmente decolaria. Achava então que teria pelo menos uma meia hora para passear com os cães.

Mas, mesmo assim começamos, ali na fila, a organizar as coisas. Trocar forro das caixas de transporte que estavam xixadas, tirar os cães da caixa e levá-los para andar e fazer xixi do lado de fora (e mesmo do lado de fora do aeroporto acreditam que teve segurança dizendo que não poderíamos tirá-los da caixa ali? Sim, eles não poderia sair da caixa nem no exterior do aeroporto!!!! Absurdo isso).

Quando chegou nossa vez foi que me dei conta que estávamos realmente atrasadas. Foram QUATRO funcionários fazendo nosso check-in ao mesmo tempo. Nesse momento corremos para alimentar e oferecer mais água aos cães pois eles já seriam despachados imediatamente. A adrenalina estava a mil. Foi tão corrido que mal deu tempo de pensar em me preocupar em como eles enfrentariam o trecho mais longo da viagem.

Depois de tudo preenchido, caixas lacradas, adesivos colados, o funcionário vem me dizer que tenho que ir na loja pagar o valor da passagem dos cães (a taxa de 150 dólares por cão, lembram?). Foi aí que eu bati o pé e disse que estava tudo pago pela TAM devido a confusão de Recife. Acho que como estávamos tão atrasados o funcionário não argumentou e nos liberou.

Momento de tensão foi quando fomos argumentar a questão do pagamento do embarque dos cães, minha irmã caiu na besteira de comentar que o motivo da mudança de voo foi a temperatura em Miami. Dai uma funcionária (a única mulher que estava fazendo nosso check-in) veio logo dizer: "ah, é mesmo, temos que verificar a temperatura...". Eu quase ataco a infeliz porque se eu fui pelo RJ foi que em Recife me garantiram que eu embarcaria para NY. E, depois disso tudo vem uma infeliz que nem estava lembrando de verificação de temperatura me dizer isso... Mas, enfim, imediatamente os outros funcionários que estavam fazendo o nosso check-in (que desconfio que 2 deles era supervisores ou gerentes) disseram logo que não iam verificar nada, que já estava em cima da hora e que tínhamos que correr para pegar o voo.

***

Verdade seja dita, os funcionários do RJ da AA (tirando essa mulher) foram super gente fina conosco. Fizeram de tudo para nos embarcar com o pouco tempo que tínhamos para isso.


Não sei vocês mas eu sempre me dou melhor com funcionários homens. É impressionante como as mulheres ficam procurando pêlo em ovo. Foi assim em Recife e quase que seria no RJ, se dependesse dessa funcionária que estava lá. Felizmente ela não era gerente.

***

Finalmente, nos despedirmos da Super-Tati e corremos para o embarque. Parei no banheiro em frente ao portão de embarque e corri para o avião. Fomos as últimas - ou quase - a embarcar. Viria agora uma longa noite de preocupação com os cães. Era perto de 22 horas e se tudo tivesse corrido como planejado deveríamos estar dentro do avião que nos levaria de Miami a Montreal e não ainda no RJ.

Mas, enfim, estávamos deixando o Brasil com os cães e isso era o mais importante.


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Imigrando com cães - Parte II: American Airlines, uma péssima escolha

Pelo título do post já da para ter uma idéia que tive problemas com a emprea, né? Mas, eu já deveria ter previsto que escolher essa empresa ia me causar algum tipo de problema, já que no ano passado eu já havia me estressado com ela.

Eu acabei escolhendo ela porque era o trajeto mais curto de vôo para meus cães. Sairiamos de Recife às 10h45 e chegariamos em Montréal à meia-noite, com apenas uma escala em Miami. Ou seja, 13 horas no lugar de mais de 24 horas com outras companhias. Parecia uma escolha simples. Mas, se revelou, uma péssima escolha.

***
Mas, comecemos pelo começo. No dia 27 de julho saimos de João Pessoa, de táxi, às 5 horas da manhã e mais ou menos às 7 horas estavamos no aeroporto de Recife (momento tenso aconteceu uma semana antes quando as fortes chuvas danificaram uma ponte na BR 101 fazendo a viagem até Recife durar 5 horas e não 2 horas como de costume - mas graças a Deus tudo foi regularizado até o dia de nossa viagem).

Chegando no aeroporto ficamos esperando o Ministério da Agricultura abrir às 8h e, enquanto, isso recebendo reclamações dos seguranças que queriam porque queriam que os cães ficassem 100% do tempo nas caixas ou no colo.

Como eu havia dito no post anterior eu peguei o CZI dos cães no Ministério da Agricultura de Recife às 8h30 e me dirigi ao guichet da American Airlines. A fila já estava imensa então falei com um funcionário que eu estaria fazendo o check-in com dois cães e perguntei se eu aguardava na fila ou eles iriam me atender logo, por ser um procedimento mais demorado. O funcionário me mandou esperar na fila pois iria dar tempo de fazer meu check-in.

E assim ficamos, na fila, com os cães confinados nas caixas ou no colo (no chão só era permitido no exterior do aeroporto) por uma hora. Quando finalmente chega minha vez eu escuto:

"Não poderemos fazer seu check-in porque a temperatura prevista para Miami está superior a 85ºF (29,44ºc)".

Como assim minha senhora? Meu primeir reflexo foi saber quantos graus estava lá. 40ºc, 50ºc? Não, estava previsto fazer 90ºF (32,2ºc). Ok, ok, eu assino um termo de responsabilidade afinal a temperatura não está nada absurdo para animais que nasceram e se criaram em João Pessoa, acostumados a calor muito maior, acostumados a ir ao Pet Shop para a tosa numa van sem ar condicionado toda semana onde com certeza fazia mais calor que isso. Além do que minha irmã cansou de levar e trazer a cachorra dela de Brasilia a João Pessoa, de avião, com temperaturas dessa ordem ou maior.

E, pior, segundo eles, eu não poderia assinar termo de responsabilidade. Eu poderia se estivesse no inverno, com trocentos graus negativos, mas não se estivesse acima de 29,44ºc.

Implorei, chorei, ameacei. A supervisora do check-in, uma pessoa que não deveria nunca trabalhar com o público de tão grossa que é, não cedia em nada. Queria, simplesmente, que eu fosse todos os dias ver se por um milagre do divino Espirito Santo iria fazer menos de 29,44ºc em Miami, no verão, às 18h. Acho que seria o mesmo que esperar que fizesse 10ºc em Janeiro em Québec.

Vendo que ela não iria resolver nada (ela simplesmente me ignorava! Até virar a cara ela virou!) eu pedi para falar com a superior dela. Primeiro negou haver alguém superior a ela (ela deve ser Deus, né?) e depois se recusou a chamar a pessoa ou me colocar em contato por telefone. Nesse momento quase todo mundo já havia feito o check-in, eu já estava dando escândalo e vários passageiros estavam solidários comigo. Ah, tenho a dizer que o problema era essa supervisora porque os atendentes do check-in me pareceram não concordar com ela. Ah, tem mais uma, soube que desde o momento que eu avisei que estava na fila ela já tinha dado ordem a todo o check-in de não me embarcar com os cães e me deixou uma hora esperando na fila a toa.

Enfim, depois de meio mundo de confusão (eu não arredei o pé do guichet do check-in) finalmente a chefe da supervisora chegou. Era a gerente da AA do aeroporto de Recife. Essa, apesar de mais educada, insistia que eu não poderia embarcar por conta da temperatura. Dizia que na semana anterior tinha embarcado com temperatura de 87ºF (30,5ºc), mas não poderia fazer com 90ºF (32,2ºC). Nesse momento minha irmã abre o site do weather channel no celular e a previsão para Miami no horário de nosso desembarque estava de 88ºF (31,1ºc). Uma diferença de 0,6ºC da temperatura que ela disse que embarcava.

Mas, mesmo assim o embarque não foi autorizado, pois segundo ela no site que eles usam a previsão era de 89ºF (ué, não era 90ºF?), ou seja, 31,6ºc. UM grau de diferença do que ela permitiria.

Quem me conhece sabe o quanto amo meus cães (tanto que estou trazendo eles, né?) e o quanto me preocupo com a saúde deles (nem queiram saber o quanto gasto de veterinário). Eu nunca colocaria a vida deles em risco. Eu nunca pediria e insistiria para embarcá-los se eu achasse que eles correriam qualquer perigo que fosse. Se a previsão fosse de 35ºc, 40ºc, 50ºc... ou se eles fossem cães que não fossem acostumados com calor eu nunca pediria para que fossem embarcados. Mas, sinceramente, não acho que tenha diferença entre 30,5ºc e 31,6ºc, temperatura essa que eles pegariam apenas do percurso do avião até o saguão do aeroporto.

Enfim, depois de muito insistir, chorar e implorar a gerente resolveu mudar nosso itinerário. Fariamos Recife-Rio-NY-Montréal. No lugar de chegar em Montréal a meia-noite chegariamos às 11h da manhã. No lugar de fazer uma conexão, fariamos duas. Onde, meu Deus, isso é melhor para meus cães do que pegar 1ºC a mais na temperatura durante um trajeto do avião ao aeroporto (coisa rápida, pelo que pude notar durante a viagem)?

Mas, era isso ou ir todos os dias ao aeroporto verificar a temperatura de Miami. Resolvi mudar o itinerário (o mesmo que me fez não ter escolhido companhias aereas de melhor qualidade, pois eu queria poupar os cães de uma longa viagem).

Nos próximos posts falarei da viagem propriamente dita. Uma maratona. 

Obrigado American Airlines por ter tornado uma viagem cansativa e estressante ainda mais cansativa e estressante.


******

A temperatura de fato em Miami no momento do pouso do nosso vôo foi de 86ºF, segundo fontes oficiais, ou seja, menos do que os 87ºF que a gerente disse que embarcaria os animais.

Acho que se a American Airlines não embarca animais com temperaturas superiores a 29,4ºc deveriam fazer um embargo de verão, assim como a Air Canada faz, porque é muito dificil ter um previsão de temperatura inferior a isso para Miami no mês de julho.


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Imigrando com cães - Parte I: Preparativos

Meu projeto inicial era vir morar no Canadá e poucas semanas depois, já com apartamento alugado e montado, trazer meus dois cães (Merlim e Lancelote, poodles). Infelizmente, por motivos alheios à minha vontade eles não puderam vir em 2010. Mas, em julho eu finalmente pude trazê-los.

Não vou dizer que fazer uma viagem tão longa com dois cães é bolinho. Não é. Mas, apesar de tudo, vale muito a pena tê-los aqui comigo, finalmente.

Como eu disse eu trouxe dois cães, idosos, de João Pessoa para Québec. Para tanto tive a ajuda de minha irmã que veio passar uns meses comigo. Sem ela eu não sei se teria dado conta de fazer essa viagem com 2 cães e 1 mala.

Meus primeiros passos nessa jornada foram:

- Fazer um check-up completo nos cães, incluindo exame sanguineo, raio-x do tórax, ultrassom e eletrocardiograma. Vale dizer que meu caso é especial pois são cães idosos, de 13 e 15 anos, já com alguns problemas de saúde.

- Escolher o trajeto menos estressante para eles, ou seja, o mais curto. No meu caso era o vôo Recife-Miami-Montréal operado pela American Airlines. Nesse vôo eu sairia de Recife as 10h45 e chegaria em Montréal 13 horas depois. Programei ir de João Pessoa à Recife (120km) de taxi e ao chegar em Montréal dormir em um hotel pet friendly perto do aeroporto e pegar a estrada no dia seguinte, já bem descansada.
Enfim, com tudo organizado fui ao Brasil curtir às férias com a família e providenciar os documentos necessários para a viagem dos cães:

- Atestado veterinário: necessário para tirar o CZI que é o documento que realmente importa na viagem. Fui ao veterinário que já acompanha os cães e ele me forneceu, assim como atestado de vacinação.

- CZI: Esse documento, de acordo com a lei, deve ser emitido no Ministério da Agricultura do local de saída do país, podendo ser emitido em outro local caso seja o ponto de origem do seu vôo. Por exemplo, se meu vôo fosse João Pessoa/Recife/Miami eu poderia tirar o CZI em João Pessoa mesmo não sendo a cidade de saída de meu vôo internacional. Como eu faria o percurso João Pessoa/Recife de carro eu deveria tirar o CZI em Recife, teoricamente.

No entanto liguei para a American Airlines e para os Ministérios da Agricultura de João Pessoa e de Recife e todos me disseram que eu poderia tirar o documento em João Pessoa. Como meu vôo saia muito cedo de Recife resolvi tirar o documento em João Pessoa para prevenir, mas como eu sou desconfiada e a lei diz que teria que ser em Recife eu também tirei o CZI no aeroporto de Recife antes de embarcar. Aconselho quem for viajar telefonar para o posto do Ministério da Agricultura responsável pela emissão de seu CZI para confirmar o horário de atendimento. Em Recife o posto do aeroporto abria às 8 horas e  emissão do documento levou meia-hora. Os documentos necessários são o atestado veterinário (atenção que este tem um prazo de validade. Se não me engano é de até 72 horas antes) e a carteirinha de vacinação contra raiva em dia.

No próximo post eu irei começar a relatar a viagem propriamente dita que foi cheia de imprevistos e contratempos.


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Carteira de motorista em Québec - Parte 2

Após ter passado pelo teste teórico eu pude tirar a carteira de motorista aprendiz. Essa carteira que custou uns CAD 50,00  me permitia dirigir desde que eu estivesse acompanhada por alguém com uma carteira de motorista do Québec com mais de 2 anos de experiência reconhecida (ou 2 anos de carteira de motorista em Québec ou 2 anos de carteira do Brasil desde que já tivesse a carteira do Québec). Lembro que quem tiver uma carteira de motorista do Brasil ainda válida não precisaria tirar essa carteira de aprendiz para treinar para a prova prática.

Assim passei alguns dias praticando. E agradeço demais aos amigos que abriram mão de um tempinho de folga  para me acompanhar pela cidade e me dar dicas. Além disso eu paguei umas aulas com um professor particular indicado por uma amiga do trabalho. Cada hora de aula custou CAD 35,00 e foi bom para saber o que eu estava errando e ter uma noção das diferenças das regras de trânsito daqui. No fim da primeira aula o professor disse que eu passaria na prova, mas mesmo assim eu preferi fazer uma segunda.

Enfim, 14 dias depois de ter pego a carteira de aprendiz fui fazer minha prova teórica. Eu a fiz em Lévis, pois para fazer em Québec teria que esperar mais uns 15 dias por uma vaga. E, claro, também pesou a fama de que em Lévis é menos difícil de passar.

O meu professor particular já havia me dito que em Lévis tem quatro examinadores. Três mulheres e um homem. E que, obviamente, o que era menos exigente era o homem. Na hora eu pensei: poxa, tenho 25% de chance de pegar o homem, claro que isso não vai acontecer.

Pois bem, chegou o grande dia e quando me chamam dou de cara com quem? Sim, O homem! Alivio geral. E lá fomos nós para a prova. Entramos no carro e o meu examinador favorito me explica como vai ser a avaliação. Segundo ele não iria ter muito papo, ele só iria me dar indicações de onde dobrar, com antecedência suficiente, e me observar. Ok, hora de dar partida no carro.

Massssss.... Quem disse que a chave virava? Tentei uma, duas, três vezes. Nada. Era a direção que estava travada e por isso o carro não ligava. Já me considerando reprovada comecei a encarar o exame como um treino para o próximo, pois obviamente uma pessoa que não consegue ligar o carro não vai ser aprovada, né?

Enfim, liguei o carro. Na saída do engarrafamento o meu examinador favorito pergunta à quanto tempo estou no Québec e a partir dai não parou mais de falar. Conversamos os 30 minutos do exame (isso porque no começo ele disse que não ia ter papo, tá?). Sai de lá aprovada e com uma relação de locais a visitar na região de Québec.

Sobre o exame tenho a dizer que aqui o que se pede mais não é ter o controle do veículo (até porque vamos combinar que para controlar carro automático não é preciso ser um Airton Senna), mas sim ter conhecimento das regras de trânsito, olhar os pontos cego e dirigir de forma segura.

Algumas coisas que aprendi:

- Ao mudar de faixa tem que fazer o RACRA, ou seja, olha para Retrovisor, olhar o Angle mort (ponto cego), colocar o Clignotant (pisca-pisca), olhar o Retrovisor e olhar o Angle mort e só então mudar de faixa.

- Se tiver um buraco na sua frente, a não ser que seja uma cratera de um meteoro, não freie. Passe o carro pelo buracão e reze para não quebrar. Porque se freiar ele vai considerar como não sendo seguro, pois alguém atrás pode bater em você (nem adianta argumentar que você viu pelo retrovisor que dava tempo de parra).

- Ao ver uma placa de pare, pare mesmo.

- Ao dobrar à esquerda ou à direito tem que olhar o ponto cego, além de olhar para os lados.

- Em Québec você pode dobrar à direito no sinal vermelho, desde que não tenha placa proibindo. Mas, veja bem, segundo meus colegas de trabalho você PODE, mas não é obrigado. Por via das dúvidas no exame eu não dobrei já que não é uma obrigação.

- Sinal piscando verde significa que você tem prioridade para dobrar. É como um sinal de seta.

- Na prova você faz uma "garagem". No meu caso era no estacionamento do SAAQ e não era entre dois carros, mas tinha apenas um carro do lado da vaga. Segundo o examinador eu tinha direito de "arrumar" o carro uma única vez. 

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Um ano

Hoje, pouco depois da meia-noite, fez 1 ano que coloquei os pés no Canadá. Um ciclo se fechou. Verão, outono, inverno e primavera. Estou aqui de volta à estação dos churrascos, dos "travaux" nas ruas, do por do sol às 20h... E, quando um ano se passa temos a tendência a avaliar o que se passou, a nos perguntar se valeu a pena, se faríamos tudo de novo. Então hoje foi um dia de muita reflexão.

Se eu pudesse abrir um buraco de minhoca de fringe (ou pegar emprestada a DeLorean de Martin McFly - você escolhe sua máquina do tempo preferida) e voltar para maio de 2010, eu faria tudo de novo? 

Por enquanto a resposta é sim. 

É claro que mudar de vida, de país e de profissão não é bolinho. Como tantos já disseram, o mais complicado é a saudade. Não do Brasil, mas sim das pessoas. Saudades de um café com pão caseiro feito com tanto carinho, da conversa jogada fora no carro no caminho ao trabalho, saudades de um abraço, de um bom dia. Enfim, nostalgia do dia-a-dia.

Além da saudade, pesa o fato de que nem tudo aconteceu como planejado. Coisas que eu deveria ter feito há um ano só estão acontecendo agora e por momentos isso desanima. Mas, a vida não é sempre assim? Certamente se eu tivesse ficado no Brasil coisas fora dos planos teriam acontecido e eu teria que lidar com esses obstáculos e vencê-los.

No entanto, basta eu ir ao Vieux-Québec, olhar o Rio St-Laurent ao lado do Château Frontenac, que tudo muda. Nesse momento tenho certeza que estou exatamente onde eu deveria estar. É então que me dou conta que gosto dessa cidade. Gosto do meu dia-a-dia tranquilo. Gosto da mudança das estações, mesmo preferindo (sim, confesso) que o inverno fosse um pouco menos longo. Gosto dos amigos que fiz. Gosto dos parques. Gosto do desafio diário de trabalhar em outra língua. Gosto de sair do trabalho as 16h. Gosto do café com donuts do Tim Hortons. Gosto do silêncio depois de uma grande nevasca. Gosto desse povo que nunca me tratou como uma estrangeira, mas sim como uma nova québécoise.

Enfim, um pedaço do caminho foi percorrido. Mas, muita coisa ainda está por vir. Que venha mais um ano em Québec, na cidade onde escolhi viver.


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Descobrindo Québec: Le buffet de l'antiquaire

Eu simplesmente ADORO ficar andando pelas ruas do vieux-québec ou de St-Roch, descobrindo lojinhas, restaurantes, cantos e recantos.

Há umas duas semanas estava eu procurando um local onde almoçar quando paro para ler o menu de um tal de buffet de l'antiquaire. Nesse momento uma québecoisa para e me diz: pode entrar que é bom.

Aceitei a sugestão e entrei. O lugar não é chique mas estava lotado. Alguns turistas, mas sobretudo québecois, alguns notei que eram habitués do local, conhecidos pelo nome. E todos estavam comendo o brunch do lugar.

Naquele dia não estava com vontade de um brunch então pedi um cheessburguer com fritas. Adorei. O hamburger feito em casa estava delicioso. O preço também foi ótimo, uns 7 dolares, o que não paga nem um mc donalds.

Fim de semana passado voltei lá, dessa vez para comer o brunch. Também foi aprovado, sobretudo a geleia de morango caseira (um opcional). Bem melhor do que o que comi no chez Cora (e mais barato também).

Chegando em casa, depois da segunda visita, resolvi googlear o tal restaurante para ver o que dava:

"Le Buffet de l’Antiquaire sert, depuis ses débuts, une cuisine au goût d’ici! Nombreux habitués viennent y déguster des mets typiquement québécois..." (Québec Plus)

"Hearty home cooking, generous portions, and rock-bottom prices have made this no-frills, diner-style eatery a Lower Town institution." (Fodors)

"Un restaurant comme on n’en fait plus. Repère des résidents du quartier, il fait partie intégrante du décor de la rue des antiquaires. On y sert une cuisine québécoise familiale..." (Petit futé)

Enfim, super recomendo o restaurante, que fica na St-Paul, a rua dos antiquários de Québec.

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Pequeno dicionário de québecois (I)

S'ennuyer de - Sentir falta de algo. No francês da França, se diria "quelqu'un me manque" e não "s'ennuyer de quelqu'un". Confesso que na primeira vez que escutei a expressão não entendi. E só depois de 2 ou 3 vezes meu cérebro processou o sentido da frase de forma automática.

O tu interrogativo: Je parle tu beaucoup? Quando escutei essa frase, na primeira semana de trabalho, meu cérebro deu um nó. Afinal a pessoa estava perguntando se eu ou ela falava muito? Foi então que me lembrei do tal tu interrogativo do Québec. Alguns exemplos desse hábito québecois que me deixa louca: Ça marche tu? On peut tu..? Ça peut tu...?



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Carteira de Motorista em Québec

Quase um ano depois de chegar aqui, finalmente to criando vergonha na cara para tirar minha carteira de motorista.

Primeiro, para quem não sabe, a carteira de motorista brasileira, para o residente permanente, só é válida por 6 meses depois do desembarque no Canadá (antes eram 3 meses, mas mudou). Depois disso a gente é obrigado a fazer teste teórico e prático. Outra coisa que é importante saber: tem que dar entrada no processo de pedido de carteira antes de fazer 1 ano no Canadá senão você terá que fazer TUDO como um canadense que vai tirar sua primeira carteira. Isso inclui ter que pagar N aulas de auto escola, ter que passar X tempo com carteira de aprendiz, etc. Então não deixe esse prazo passar!

A primeira coisa a fazer é ligar para a SAAQ e marcar um rendez-vous, explicando que você já tinha carteira no Brasil. O funcionário ira lhe dar uma data e dizer quais documentos vocês precisa levar. Dentre os documentos necessários tem a carteira de motorista brasileira traduzida por um tradutor que faça parte da ordem. Aqui em Québec tem uma brasileira que é credenciada a fazer o trabalho o que custa cerca de 40 doláres.

No dia marcado para o rendez-vou lá na SAAQ da St-Jean-Baptiste (onde o vento faz a curva, dobrando a direito. Para chegar lá saindo de Ste-Foy se pega dois onibus e anda-se uns 10mn. Ou seja, se perde 1 hora do seu dia só para chegar) você abre seu dossier e já faz a prova teórica. Essa prova é fácil (recomendo fazer os simulados do site da SAAQ) e com o resultado positivo você já pode marcar a prova prática ou pedir a carteira de aprendiz condutor (50 doláres) caso queira treinar e sua carteira do Brasil não seja mais válida (meu caso). Essa carteira permite que você dirija acompanhado por alguém que tenha uma carteira de motorista daqui a mais de 2 anos (não pode dirigir com quem tem carteira válida do Brasil - eu perguntei isso).

A próxima étapa é a prova prática, mas isso eu vou contar em outro post porque eu ainda não fiz. Quero primeiro pegar prática no volante porque estou há 1 ano sem dirigir e também pegar as manhas de olhar toda hora pro tal ponto cego (o que eu simplesmente detesto e me esqueço em 100% das vezes). Afinal, cada tentativa de prova custa 25 doláres além de ter que perder um período do trabalho (o que sai ainda mais caro).

Então, se você está chegando no Québec, não faça como eu. Vá logo resolver sua carteira de motorista. Além de não correr o risco de perder o prazo de 1 ano, você não precisará tirar a carteira de aprendiz, já que pode dirigir com a brasileira por 6 meses, o que já será uma economia de 50 doláres.

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